JEANE TERRA
PREVIEW
ESCOMBROS
PELES
RESÍDUOS
CURADORIA AGNALDO FARIAS
ESCOMBROS
PELES
RESÍDUOS
CURADORIA AGNALDO FARIAS
Moisés Patrício (São Paulo, 1984).
Nascido na zona sul da capital paulista, mudou-se para o Leste mais tarde, próximo ao centro da cidade, local com muitas referências de economia, cultura e história, e também o local que lhe deu a oportunidade de conhecer o artista argentino Juan José Balzi (1933-2017), de quem foi assistente. Auto intitulando-se “sacerdote-artista”, seu primeiro contato com a arte foi aos nove anos de idade. Atualmente trabalha com fotografia, vídeo, performance, pintura, rituais e instalações em obras que tratam de elementos da cultura latina, afro-brasileira e africana. Desde 2006, Moisés realiza ações coletivas em espaços culturais em São Paulo. Compõe obras que tratam de elementos sagrados da cultura ameríndia e afro-brasileira. Uma característica significativa de seu trabalho é a alusão ao candomblé, para quem o sagrado passa pelo corpo e seu potencial manual.
Entre as exposições das quais participou destacam-se: Histórias Afro-Atlânticas, MASP e Instituto Tomie Ohtake, (São Paulo, 2018) Bienal de Dakar no Museum Of African Arts (Senegal, 2016), “A Nova Mão Afro Brasileira” no Museu Afro Brasil (São Paulo, SP, 2014), “Papel de Seda” no Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos – IPN Museu Memorial (Rio de Janeiro, RJ, 2014), Metrópole: Experiência Paulistana, Estação Pinacoteca, curadoria Tadeu Chiarelli, São Paulo – SP, “OSSO Exposição-apelo ao amplo direito de defesa de Rafael Braga” curadoria Paulo Miyada no Instituto Tomie Ohtake (São Paulo, SP, 2017).

Moisés Patrício
Aceita? | 2020
Vídeo em loop, 10"
Edição: 1/40
Pensada e produzida por aparelho celular via redes sociais, a obra integra um projeto iniciado há cinco anos, que tem como conceito e estética a baixa resolução, formato quadrado e a repetição. Um diário, em que o artista em seu perfil no instagram pensa a atualidade, mostra suas angústias e “bendições”, e reflete sobre a colaboração intelectual e manual da população afro-brasileira, impacto da escravidão na realidade atual, neoescravidão, geopolítica, imigração, espiritualidade africana e da diáspora entre tantos outros assuntos. Para o artista, a comunidade negra espalhada pelo mundo vive o isolamento social desde o período da escravidão, em que “nosso corpo sempre foi a nossa única casa, e sempre flertamos com a doença e a morte”. “Nada mudou; os corpos elegidos para serem sacrificados é o corpo preto; a mão que mantém a cidade limpa é a mão preta; a mão que mantém a economia girando é a mão negra; a mão que cuida dos doentes (enfermeiros) é a mão preta; a mão que luta por direitos humanos é a mão preta; a mão que faz boas troca no mundo é a mão negra”.